Dono de um acervo de livros extraordinários, mantém um dos canais de maior conteúdo original acerca de One Piece com quase 120 mil inscritos, atualmente cidadão europeu bem brasileiro, Felipe Castro do Chapéus de Palha é o mais novo entrevistado aqui, na Sala do Hokage!
Iva – Felipe, obrigada primeiro de tudo pela entrevista concedida, sabemos que é complicado fuso horário e a fins e é por isso que inicio com essa pergunta: o que te levou a sair do Brasil para viver na Europa?
Felipe – Obrigado a vocês pelo convite. Os motivos surgem da vontade que eu sempre tive de ter a experiência de viver em outros lugares além do Rio de Janeiro, cidade em que vivi desde que nasci. Quando você tem esse desejo, passa a olhar para o exterior como uma perspectiva e projeção para o futuro. Na Europa você tem direitos e apoios que todo indivíduo deveria ter, mas que, infelizmente, não tem no Brasil. Você pode caminhar pelas ruas dos centros de madrugada sem precisar olhar para os lados, é atendido de prontidão caso precise de auxílio médico e pegar trânsito de 15 minutos já é considerado muita coisa. Essas são só algumas diferenças entre uma metrópole brasileira e uma europeia. Mas não me entendam errado, eu amo o Brasil e vejo várias qualidades superiores do nosso país e povo em relação à Europa. Eu tive essa oportunidade e aproveitei, criando um distanciamento físico de pessoas (e meus bichinhos de estimação) que eu amo, deixando um emprego estável para trás e muitos outros sacrifícios que valeram a pena para seguir esse desejo. Vim pra cá estudar, fazer mestrado e aprender a viver minha vida com meus próprios passos.
No vídeo dos Chapéus de Palha sobre a chave para se tornar o rei dos piratas, Derek mostra a experiência da morte de Luffy… pra você, em seu contexto, acredita que a morte por assim dizer de Luffy poderá trazer à tona uma proximidade maior ainda ao título de Rei dos Piratas?
“O Rei dos Piratas é o homem mais livre do mundo”. Eu entendo a poesia que existe entre a morte e a liberdade, como se o fim fosse o único caminho para verdadeira libertação, afinal, vivemos em um mundo de leis e sempre precisamos de um determinado comportamento para viver em sociedade. Então não dá pra ser “completamente livre”. Mas não acho que esse seja o destino de Luffy enquanto acompanhamos sua jornada.
Arco após arco percebemos que o mundo de One Piece possui uma estrutura completamente moldada nos últimos 800 anos, onde acima de cada governante existe outro tirano ainda pior, até os patamares mais elevados dessa hierarquia encabeçada (provavelmente) por Imu-Sama. São essas correntes e engrenagens que transformam o mundo numa enorme prisão, onde o preconceito e a escravidão são tão presentes.
O papel do Rei dos Piratas é lutar contra isso. Ser o Rei dos Piratas é ser o que o Roger foi. Viver livremente. Dar valor a sua vida e a vida de terceiros, prezar pelo seu bem-estar e de todos os outros. Basicamente, livrar a sociedade da tirania e desigualdade, formulando uma sociedade onde se possa viver (e morrer) da maneira mais livre possível.
O Roger não conseguiu mudar o mundo porque lhe faltou tempo, mas criou uma influência tão grande a ponto de mudar a história. Então agora, graças àquele que um dia foi concebido o título de Rei dos Piratas, podemos acompanhar as aventuras daquele que herdará essa alcunha e mudará o mundo.
Felipe, aquela lista épica dos 70 maiores mistérios de One Piece em seu canal levou os fãs à loucura (confesso que eu já havia esquecido de trocentas coisas ali haha), mas me diz aí: qual mistério em sua opinião é o mais perturbador de todos, aquele que deixou você realmente reflexivo?
Deu um trabalho gigantesco para fazer aquele vídeo, mas logo em seguida ficou claro que a lista é pequena para tantos mistérios dentro dessa obra. Poderiam ser 80, 90 ou até mesmo os 100 maiores mistérios de One Piece. Dentre todos, vários me fazem pensar, mas existe um que realmente me perturba: Qual o nome do Grande Reino apagado no Século Perdido? No capítulo 395 o professor Clover faz o que provavelmente é o discurso mais intrigante de toda a obra, levantando mistérios a cada balão de fala e reflexões acerca da nossa própria realidade. Ele diz que o Governo Mundial nasceu durante o Século Perdido, período de 100 anos apagado da história.
Segue indicando que essa lacuna de informações ocorreu porque essa organização destruiu todos os registros e reescreveram a história para criar o mundo que eles idealizaram. Clover continua e revela que naquela época existia um Grande Reino, uma sociedade avançada tecnologicamente e que eles tinham um inimigo… Já fica evidente de quem se trata, né? Então diz que as Armas Ancestrais, os Poneglyphs, e muitos outros elementos tão misteriosos para nós estão conectados a esse Antigo Reino.
As histórias sobre ele, suas ideias, e até mesmo sua mera existência representam uma gigantesca ameaça para o Governo Mundial. Mas mais importante e essencial que tudo isso: Clover brada que o nome desse reino é a chave que liga tudo… A chave que conecta todos os segredos. E quando ele vai revelar seu nome, os Gorosei, peidados na farofa, ordenam sua execução. A história desse reino é a gênesis do mundo que conhecemos em One Piece, é a origem da consolidação do universo em que a narrativa se passa. Então todos os segredos desencadeiam desse ponto. Do simples nome de um reino. O que esse nome carrega? Como a simples maneira pelo qual é chamado pode revelar tantos segredos? Se os mistérios de One Piece fossem as ramificações de uma árvore, esse nome oculto seria a semente que fez tudo germinar…
Como somos só um pouquinho de nada fã de Naruto e Boruto, rsrsrs, em sua opinião, a amizade é melhor demonstrada no universo Naruto como podemos ver por exemplo, Sasuke e Naruto, Naruto e Sakura, Kakashi e Gai, Boruto e Mitsuki e por aí vai, ou concorda com os fãs de One Piece que a amizade presente na obra num todo, é melhor explicada?
Acho que as amizades são retratadas de maneiras diferentes e que o leitor precisa absorver o melhor de cada um. Por exemplo, eu amo as interações entre Kakashi e Gai, acho a rivalidade deles saudável e algo que os impulsionou a serem tão poderosos. Então vale muito a pena assimilar que competitividade não é algo ruim, que uma amizade pode se fortalecer dentro desse conceito e ainda nos melhorar como pessoa. Mas quando falamos da obra de Kishimoto o foco sem dúvida é Naruto e Sasuke, relação que podemos aprender lições importantes como nunca desistir de um verdadeiro amigo. Mas isso não é muito clichê? É muito clichê, mas funciona. Se analisarmos bem, o motor principal para história de Naruto é essa relação e talvez seja a grande diferença entre a maneira de abordar o tema amizade entre as duas obras. Naruto jamais alcançaria o sucesso mundial que alcançou se não fosse pelas pessoas se reconhecerem em algum dos lados dessa amizade tão marcante. No caso de One Piece uma amizade exclusiva não é o propulsor da narrativa, mas claro que o termo amizade é fundamental para ela. De arco em arco vemos Luffy fazendo novos amigos, influenciando e sendo influenciado por isso, levando a história a se desenvolver e ganhar muito em profundidade. Enquanto Naruto e Sasuke se impulsionam de forma recíproca e fazem a história de Naruto andar, Luffy segue esse caminho em busca de realizar sua promessa com Shanks. O que mais me admira nas amizades em One Piece é que muitas vezes ela é retratada de uma maneira bem especial: Nós escolhemos nossa família. Irmãos normalmente são amigos porque são irmãos, mas Luffy, Ace e Sabo são irmãos porque são amigos. Conseguem entender o que eu quero dizer aqui? É fundamental existir amizade entre familiares, mas só uma amizade extremamente poderosa para estabelecer um laço familiar entre amigos. Quem aí não tem aquele amigo que é como um irmão? Quem aí não tem um irmão que é um grande amigo? É uma via de mão dupla super bem explorada em One Piece. Então é isso, as obras retratam a amizade de maneiras distintas. Uma é mais focada em uma só relação, enquanto a outra explora mais relações. Não tem melhor ou pior nesse sentido, acho que tanto Kishimoto como o Oda estão de parabéns; sempre trazendo mensagens importantes para nós como seres humanos, familiares e amigos.
No seu vídeo com o Derek sobre o nível de poder dos personagens de One Piece, trouxe indignação em alguns fãs devido Kid, já que ele enfrentou toda aquela tripulação da Big Mom… saindo da imparcialidade, você mantém a posição dada? Mudaria algum personagem da posição que está no vídeo?
Eu tenho certeza que se eu fizesse agora mesmo uma lista como aquela, seria diferente da que montamos no vídeo. Inclusive, tenho certeza que se eu fizesse uma tier list amanhã seria diferente da que eu faria hoje. Muitos desses rankings dependem dos personagens que você qualifica de primeira e usa como parâmetro de comparação para os que virão na sequência. Se hoje eu resolver que o Sanji é 70-80 vou ter que seguir por esse caminho, mas amanhã posso acordar e pensar que o Rob Lucci é 80-90 e que talvez o Sanji consiga confrontar ele de igual para igual. Então o que eu faço? Subo o Sanji? Desço o Lucci? Tento encontrar um personagem no meio termo para justificar suas posições?
Choro enquanto escrevo (oh Felipe, pega aqui um lencinho poxa…) esse texto porque essas listas nunca vão refletir exatamente o que pensamos? Talvez essa seja a melhor opção. A realidade é que sempre vai ter um ou outro que vai mudar, mas eu definitivamente eu não mudaria nada daquele vídeo. Foi super divertido gravar por mais que a lista não seja a definitiva-oficial-absoluta-indiscutível-verídica-confirmadapelooda. Mas dizer que não mudaria o vídeo não é o mesmo que dizer que não mudaria a lista. Se eu paro para pensar agora, talvez as posições do Law, do Kid e do Ace pudessem ser alteradas, mas também não vejo problema neles figurando onde estão. No fim das contas é mais um vídeo para se entreter e imaginar. Acho que One Piece é uma obra tão rica que nos proporciona esses momentos, então temos que usar nossa criatividade para se divertir.
O Felipe fora do youtube, o que costuma fazer nas horas vagas, hobbies e a fins? Inclusive, há grandes nomes dentro do youtube que realizaram outras coisas a partir do canal, como livros, lojas, por exemplo. Já pensou nisso em algum momento?
O que eu mais faço no meu tempo livre é ler. A arte puramente escrita é o que me permite maior introspecção em uma história. A leitura faz sua consciência vagar por um mundo de tinta preta em um pedaço de papel branco, que é totalmente amplo e mágico, e de um instante para outro se colore, desperta cheiro, provoca o tato, emite som, gera movimento e motiva sabor. É por isso que minha opção principal para consumir histórias é lendo, o florescer de tantas emoções por palavras é o que mais me cativa. Como consequência disso sou um leitor assíduo e tenho uma grande coleção de livros. Mas preciso dizer também o que eu não gosto nisso tudo: a ideia de que muitos leitores têm de que “ler livros te torna alguém superior”, é claro que ler é um hábito muito saudável, mas eu sou contra esse pensamento. Um leitor que pensa isso já prova que a frase tá totalmente equivocada. Isso também gera uma atmosfera que afasta pessoas da leitura, além de criar uma ideia “esnobe” que diverge muito do que realmente é. Leitura é para todos, mas a forma de consumir entretenimento e aprendizados varia de pessoa para pessoa, cada um adquire da maneira que achar melhor. Sem julgamentos, é assim que eu acho que deveria funcionar. É sempre importante se expor a vários tipos de arte, mas sempre vai ter alguma vertente que te agrada mais. Tem gente que vai encontrar sua paixão no audiovisual, tem gente que vai achar sentido nas músicas e tem gente que, assim como eu, sente isso pelas palavras. Curte videogame? Então joga. Gosta de assistir séries? Então assiste. Eu sou adapto ao consumo de conhecimento e entretenimento da maneira que a pessoa bem quiser, ser livre para decidir e não ter uma ideia antiquada de que um é melhor que o ouro. No fim das contas tudo é história, seja narrada em uma canção, numa pintura, num livro, num mangá, num jogo ou em um filme. Então é isso que eu gosto de fazer: ler. Literatura (livros e mangás) é uma parte gigante da minha vida, não à toa eu trabalho em um canal que fala exclusivamente sobre uma única obra literária.
Também sou o maior nerdão de videogame, daqueles que se esforçam bastante para platinar jogos. Shadow of The Colossus é uma das coisas mais lindas que o ser humano já fez (se é que o Fumito Ueda é mesmo um ser humano). Gosto de viajar por aí, descobrir novos lugares, ir à praia, caminhar pelo mato, essas coisas que quase todo mundo curte fazer porque é simplesmente bom demais. É importante tem contato frequente com a natureza. E também gosto muito de futebol, tanto de jogar quanto de assistir. Esse é um pouco do Lipe fora do Youtube.
E se nós dos Chapéus de Palha temos planos para realizar outras coisas a partir do canal? Ah, aí vocês vão ter que esperar pelos próximos capítulos para saber.
Perguntamos ao seu amigo Bruno Bandeira, qual seria o poder e a alcunha dele em One Piece, ele disse “fruta da aranha”, e a alcunha: Bruno Bandeira, o homem que não dá bandeira (risos eternos na redação da Boruto Explorer), então vamos lá! Dê poder e alcunha para cada um dos seus companheiros youtubers de One Piece, e mais algum claro que você achar que combine e mereça tais atributos! (e se quiser contestar o Bruno…rsrsrs, à vontade!)
Um companheiro nosso de Youtube chamado Taciano do Zona OP fez um vídeo exclusivamente sobre isso, dando frutas para os Youtubers de One Piece. Acho que como ideia original tudo lá deveria ser canônico (menos a minha segunda fruta, eu preferi a primeira). Mas pra entrar na brincadeira, queria dar uma sugestão de fruta para dois amigos:
- O Bruno teria a Delay Delay no Mi modelo Whatsapp: a fruta que permite ao usuário demorar para responder no Whatsapp (Bruno, se você tá lendo isso, saiba que os convites para as próximas lives ainda tão de pé). A alcunha dele seria “Bruno Bandeira, o homem que não dá resposta”
(se eu, Iva Torigoshi fosse fofoqueira, longe de mim né? diria que é verdade esse ‘bilete’… três semanas pro Bruno ler o que eu escrevo no whatsapp)ou “Bruno Bandeira, o homem que paga aposta”. - Meu parça Derek também teria a Delay Delay no Mi, afinal eles são irmãos gêmeos, mas o modelo seria da reunião: a fruta que permite ao usuário se atrasar para as reuniões (Não fica bolado comigo, é meme e é verdade). Sua alcunha seria provavelmente algo como… “Derek, o braço direito do incrível e lendário capitão Lipe”. Acho que soa realista e bonito, eu gostei. Brincadeiras à parte, os dois sabem que eu admiro demais o trabalho deles e sem comprometimento e responsabilidade jamais estariam onde estão.
- No mais, o Evandro certamente teria a mesma fruta que Sengoku e Chopper, a Hito Hito no Mi, mas o modelo seria do humano maromba-da-calistenia. Essa fruta permite ao usuário alargar seus ombros ao infinito e além.
- Fredin teria a paramecia Funko Funko no Mi, a fruta que possibilita seu usuário de se tornar um boneco funko pop gigante e fazer seus próprios figures. Certeza que ele ia expandir bastante sua coleção e economizar uma grana boa.
- Felipe Honório poderia receber a Mera Mera no Mi, visto seu antigo apelido de Ace. Acho que é uma fruta que mostra muito da personalidade do usuário e ficaria legal com ele.
- Matheus teria a fruta da produção de vídeos em massa, que permite ao usuário trazer mais de 3 vídeos por dia. Talvez ele já tenha essa fruta e a gente não sabia, alguém já viu o Matheus nadando? Pois é, eu nunca.
- Dios do Romance Dawn ficaria fabuloso com a Mingo Mingo no Mi, a fruta do flamingo. Já consigo imaginar uma forma híbrida maravilhosa com plumas rosas cobrindo seu corpo e um rosto metade humano metade flamingão. Na moral, coisa fina.
- Taciano teria a fruta de algum dinossauro cabuloso porque eu sei que ele é biólogo e curte bastante paleontologia. A do anquilossauro seria maneira, muito poder ofensivo e defensivo.
E bora desafiar esse Chapéu de Palha!! Felipe, é o seguinte, temos uma missão para você! Conta aí pra gente qual seu casal favorito da obra, e se pudesse mudar, quem você mudaria?
NOTA DO AUTOR(A)
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Uma resposta
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